Bem vindos!

Este espaço visa compartilhar experiências profissionais de Serviço Social na área de saúde.

Considerando-se a grande diversidade e dinamicidade das expressões da questão social, a troca de vivências profissionais tem relevante papel no intuito de qualificação da assistência prestada e na construção do projeto ético-político sintonizado com os anseios de igualdade e de justiça social.

Veja também as seções de apresentações em Power Point, dicas de filmes, sites e bibliografia.Se possível, deixe seu comentário. Ele, certamente, contribuirá para melhorar o espaço e catalizar o potencial para outras iniciativas.

Se desejar, entre contato pelo e-mail ou add no MSN, Facebook, Twitter ou Orkut.

Um grande abraço.

Tereza Cristina





domingo, 21 de dezembro de 2008

Sobre o Natal.



À parte o motivo religioso e o "clima" emotivo superficial, é quase impossível passarmos pelo período natalino sem refletirmos sobre o valor daquilo q vimos construindo. Pois, afinal, tal reflexão poderá referenciar a reconstrução constante e necessária do caminho de nossa breve existência.

Pensar sobre as relações que vimos estabelecendo com o mundo natural ou social, e em particular, sobre os vínculos afetivos construídos em nossas relações humanas , seja com amigos, familiares, colegas de trabalho ou companheiros íntimos, certamente nos dá a dimensão do verdadeiro valor de nossa existência humana, já que "no final das contas" o que fica é a energia que possamos produzir ou transformar. Sobretudo quando esta se expande nas relações anônimas ou efêmeras.


O ato de presentear ou de desejar "Feliz Natal", à parte as considerações comerciais e fúteis, não deixa de ser uma oportunidade de percebermos o quanto algumas pessoas se tornaram importantes em nossa vida. Por isso, sem qualquer preocupação com convenções ou pieguices, venho transmitir a minha gratidão pela troca de energias tão necessária em minha vida e, com todo o meu carinho e emoção desejar-lhe um
FELIZ NATAL!!
E que no ano de 2009, você possa ter renovado toda sua positividade e permanecer no caminho de transformações favoráveis em sua vida pessoal; nas suas relações humanas e nas relações com o mundo natural e social.
Um grande abraço.
Cris.



quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Dia nacional da consciência negra



Vinte de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra. A data - transformada em Dia Nacional da Consciência Negra em 1978 - não foi escolhida ao acaso, e sim como homenagem a Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695.

O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade.

Os negros que escapavam da lida e dos ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras.Com a chegada de mais e mais pessoas, inclusive índios e brancos foragidos, formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O mocambo do macaco, localizado na Serra da Barriga, era a sede administrativa do povo quilombola.

Um negro chamado Ganga Zumba foi o primeiro rei do Quilombo dos Palmares.Alguns anos após a sua fundação,o Quilombo dos Palmares foi invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive crianças, foram degolados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e entregue como presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife.O menino, batizado pelo padre com o nome de Francisco, foi criado e educado pelo religioso, que lhe ensinou a ler e escrever, além de lhe dar noções de latim, e o iniciar no estudo da Bíblia. Aos 12 anos o menino era coroinha. Entretanto, a população local não aprovava a atitude do pároco, que criava o negrinho como filho, e não como servo.Apesar do carinho que sentia pelo seu pai adotivo, Francisco não se conformava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E sofria muito vendo seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos engenhos e praças públicas. Por isso, quando completou 15 anos, o franzino Francisco fugiu e foi em busca do seu lugar de origem, o Quilombo dos Palmares.Após caminhar cerca de 132 quilômetros, o garoto chegou à Serra da Barriga. Como era de costume nos quilombos, recebeu uma família e um novo nome. Agora, Francisco era Zumbi.

Com os conhecimentos repassados pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em inteligência e coragem. Aos 17 anos tornou-se general de armas do quilombo, uma espécie de ministro de guerra nos dias de hoje.Com a queda do rei Ganga Zumba, morto após acreditar num pacto de paz com os senhores de engenho, Zumbi assumiu o posto de rei e levou a luta pela liberdade até o final de seus dias.

Com o extermínio do Quilombo dos Palmares pela expedição comandada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1694, Zumbi fugiu junto a outros sobreviventes do massacre para a Serra de Dois Irmãos, então terra de Pernambuco.Contudo, em 20 de novembro de 1695 Zumbi foi traído por um de seus principais comandantes, Antônio Soares, que trocou sua liberdade pela revelação do esconderijo. Zumbi foi então torturado e capturado. Jorge Velho matou o rei Zumbi e o decapitou, levando sua cabeça até a praça do Carmo, na cidade de Recife, onde ficou exposta por anos seguidos até sua completa decomposição.

“Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” ou “Morto Vivo”. Seja qual for a tradução correta do nome Zumbi, o seu significado para a história do Brasil e para o movimento negro é praticamente unânime: Zumbi dos Palmares é o maior ícone da resistência negra ao escravismo e de sua luta por liberdade. Os anos foram passando, mas o sonho de Zumbi permanece e sua história é contada com orgulho pelos habitantes da região onde o negro-rei pregou a liberdade.


Fontes: Dpnet.com.br O Dia On-Line Feranet21.com.br

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Abaixo assinado pela jornada de 30 horas semanais para o Assistente Social

Assine o Abaixo assinado pela jornada de 30 horas semanais para o Assistente Social!

Valorize o trabalho do assistente social, o qual necessita de fundamentação teórico-metodológica e capacitação continuada.
No endereço http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/1064 , é possivel assinar um abaixo-assinado a favor do projeto de lei nº 1890/07 que dispõe sobre as 30 horas de trabalho para os assistentes sociais.
Vamos assinar!

sábado, 18 de outubro de 2008

Só pra descontrair... rs

Uma Assistente Social desceu os portões do inferno e foi admitida.
Mal havia chegado já estava insatisfeita com o baixo nível de higiene e de saúde das pessoas no inferno.
Logo começou a fazer projetos e várias ações para coibir aquele caos.
Pouco tempo depois já não havia no inferno o insuportável mau hálito nas pessoas. Ninguém mais reclamava de dores e mal estar, os banheiros tinham higiene e sala de repouso e, por conseguinte, estavam mais limpos e cheirosos.As pessoas eram orientadas sobre hábitos de vida e prevenção de doenças. Eram acompanhadas através de análises diárias e com controle de satisfação e exames físicos.
A Assistente Social era muito popular por lá.
Um dia, São Pedro chamou o diabo ao telefone e perguntou, ironicamente:
- E então, como estão as coisas aí embaixo?
E o diabo respondeu:
- Uma maravilha! Agora aqui todos se beijam, sorriem uns aos outros, não existem doentes, queixosos, as pessoas estão mais felizes... se alimentando melhor... Isso sem falar no que a nossa Assistente Social está planejando para breve!
Do outro lado da linha, surpreso, São Pedro exclamou:
- O quê ?! Vocês têm uma Assistente Social aí ? Isso foi um engano! Assistentes Sociais nunca vão para o inferno. Mande-a subir aqui, imediatamente!
O diabo respondeu:
- Sem possibilidade! Eu gostei de ter uma A.S. e continuarei mantendo-a aqui.
São Pedro, já mais irritado, fala em tom de ameaça:
- Mande-a para cá agora, ou tomarei as medidas legais necessárias.
Eis que o diabo soltou uma gargalhada:
- Hahahaha!
- Onde você vai arrumar um Advogado? Estão todos aqui...
Brincadeirinha... com todo o respeito com os advogados conscientes da importância de sua função social!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

"De coração pra coração"



Há um ano, a equipe multiprofissional do Serviço do Coração, sob a coordenação da assistente social e das psicólogas, desenvolve a atividade grupal com pacientes submetidos à cirurgia cardíaca no HGB. Trata-se de uma ação de suporte profissional aos pacientes no pós-alta, visando oferecer orientações voltadas para a prática de hábitos saudáveis e, conseqüentemente, para a melhor qualidade de vida.

Entrando numa nova fase, a equipe buscou melhorar o formato do grupo, tanto na abordagem, buscando maior interatividade, quando na visibilidade e organização.
Para isso, foi feito uma votação entre os profissionais do Serviço do Coração, incluindo os de níveis médio, para escolha do nome do grupo.

Entre 63 votantes, foi escolhido como nome "De coração para coração", o qual obteve 29 votos. Outros nomes sugeridos foram:

Viva a vida! - 13 votos
Bate, bate coração - 11 votos
CoraçãoAção - 07 votos
Grupo PAPOS - 03 votos.

A equipe organizadora elaborou uma programação anual e um folder a ser entregue aos pacientes durante o protocolo de alta. Será providenciada ainda a elaboração de cartazes, no intuito de melhorar a visibilidade e divulgação das atividades.

Esperamos, nesta nova fase, consolidar a iniciativa, a qual foi avaliada como totalmente bem sucedida no ciclo anterior.

Veja a programação anual:

14/10/08 – “A qualidade de vida após a cirurgia cardíaca”. Alfredo Brasil – Chefe do Serviço do Coração.
11/11/08 – “O uso correto dos medicamentos” . Elisabete Mesquita e Clara Regina Oliveira – enfermeiras do Serviço do Coração.

09/12/0 – “Fatores de risco das cardiopatias”. Ana Patrícia – médica do Serviço do Coração.

10/02/09 - “Alimentação saudável”. Elaine Figueiredo; Maria da Penha Vido e Vivianne da Motta - nutricionistas do Serviço do Coração.

10/03/09 - “Atividade física após a cirurgia cardíaca e angioplastia”. Liliane Souza; Daniele Couto e Juliana Flávia Oliveira - fisioterapeutas do Serviço do Coração.

14/04/09 - “Direitos sociais e saúde” . Tereza Cristina Silva – assistente social do Serviço do Coração; Carla Wirz e Thiago Oliveira - acadêmicos de Serviço Social do Serviço do Coração.

12/05/09 – “Lidando com as emoções” . Cláudia de P. Pereira e Teresa Cristina de M. Silveira – psicólogas do Serviço do Coração.

09/06/09 – Passeio: Sítio Burle Marx. (Guaratiba – Rio de Janeiro/RJ) - Saída às 10 horas do HGB.

14/07/09 – Avaliação do grupo pelos usuários.


sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Envelhecimento e cidadania da pessoa idosa





O Serviço Social no Hospital Geral de Bonsucesso.

por: Thiago Oliveira


acadêmico de Serviço Social - 6o. período - UFF

Na atualidade, a equipe de Serviço Social depois de mais de dez anos sem realizar concurso, vive um momento de renovação, com a inserção de 20 Assistentes Sociais, convocadas a partir do concurso de 2005, agregados aos cinco profissionais efetivos, totalizando 25 assistentes sociais concursados.
Essa nova equipe, com uma formação mais contemporânea, prima pela qualidade dos atendimentos e projetos nos diversos setores onde o Serviço Social esta inserido, assegurando a orientação nos fundamentos históricos e teóricos-metodológicos do Serviço Social, competência técnica e ética na prestação dos serviços prestados aos usuários, contribuindo também para a formação de acadêmicos.
A equipe de Assistentes Sociais é distribuída pelas principias enfermarias, alem de atuar em alguns programas: Programa de transplante hepático e renal; Programa de diabetes; Programa de Oncologia (quimioterapia e radioterapia) e Programa de Planejamento Familiar.

Alem disso, a equipe é escalonada no Plantão Social. Trata-se de um espaço de atendimento às solicitações de pacientes, familiares ou profissionais dos setores nos quais não dispõe de assistente social e/ou a assistente social não esta escalada para o dia. Apresentam-se ali também as demandas de usuários externos à instituição. As principais solicitações são atendidas por um funcionário administrativo, o qual recorre ao assistente social plantonista apenas nas situações que não se sinta capacitado para analisar e intervir.

Observa-se que, apesar de o plantão constituir-se de um espaço coletivo da equipe, não existe um projeto de intervenção. Assim cada profissional atua de forma diferenciada no que se refere aos referenciais teórico-metodológicos.

Com base em observações, constata-se que a ótica dos assistentes sociais em relação à organização do seu processo de trabalho frente à política social desenvolvida na instituição não é sintonizada enquanto equipe, na medida em que a excessiva setorização limita a configuração de um projeto coletivo e de construção de estratégias diante dos entraves institucionais.

Com base nas entrevistas realizadas com alguns setores onde o Serviço Social esta inserido, observa-se que apesar dos esforços no sentido de problematizar as contradições do âmbito institucional, percebe-se um sentido de impotência diante dos limites impostos aos usuários para acesso aos serviços.

sábado, 12 de julho de 2008

GRUPISCO - Grupo de pacientes internados no Serviço do Coração


O GRUPISCO - Grupo de pacientes internados no Serviço do Coração encontra-se num estágio inicial. Trata-se de uma iniciativa do Serviço Social no sentido de propiciar um espaço de reflexão e de interação entre os usuários, visando a compreensão sobre os diversos aspectos presentes no processo de adoecimento e de hospitalização, bem como a identificação de situações que possam demandar o acompanhamento individual pelo Serviço Social.

Basea-se na compreensão de que o adoecimento está vinculado ao processo que abrange todo o contexto da vida cotidiana e não apenas ao risco individual. Entende-se assim, que tal processo apresenta características multifacetadas, integrando aspectos físicos, mentais, ambiental, pessoal e social.

O caminho metodológico concorre com as estratégias que potencializem a transformação individual e coletiva dos usuários socialmente inseridos no mundo, ampliando sua capacidade de interpretação crítica da realidade social e de responsabilidade e autonomia com o cuidado e proteção com o corpo, bem como com as ações de promoção à saúde, estas intrinsicamente relacionadas à implementação e ampliação dos direitos sociais.


Experiência de estágio no Serviço do Coração do HGB


Por: Carla Alves Wirz
acadêmica de Serviço Social - 7o. período
Universidade Federal Fluminense - UFF
1. Introdução:

O presente estudo tem por finalidade retratar as atividades de estágio realizadas no setor no Serviço do Coração do Hospital Geral de Bonsucesso -HGB, bem como analisar o desempenho das mesmas.

O período inicial do estágio esteve voltado para a inserção inicial ao Campo de estágio, tendo sido realizado uma análise institucional e o reconhecimento preliminar nos principais setores de intervenção do Serviço Social. No Serviço do Coração, o período foi dedicado à observação dos atendimentos realizados pela supervisora, objetivando-se a compreensão inicial sobre os fatores objetivos e subjetivos envolvidos no processo de adoecimento e de hospitalização.

Nos meses seguintes, foi possível uma ação mais autônoma enquanto acadêmica, sempre garantindo a reflexão sobre cada atendimento, envolvendo o entendimento da condição do usuário desde sua recepção, acolhimento e encaminhamento sobre as situações sociais colocadas. Também, buscou-se perceber criticamente as demandas implícitas do usuário, no sentido da garantia do acesso à saúde e de seus direitos sociais.

2. Atividades desempenhadas:

  • Avaliação social pré - operatória, a fim de identificar e intervir sobre as situações sociais do processo de adoecimento e de recuperação da saúde;

  • Acompanhamento individualmente aos pacientes e respectivos familiares / colaterais com situações sociais com repercussão sobre o processo terapêutico durante a hospitalização e pós – alta hospitalar;

  • Abordagem grupal com pacientes submetidos à cirurgia cardíaca pós – alta hospitalar;

  • Visita diária aos leitos da Cardiologia Clínica;

  • Visita diária aos leitos da Unidade Coronariana;

  • Participação no round da Unidade Cardio-intensiva;

  • Registro da atuação do Serviço Social em prontuários; fichas sociais; livro de ocorrência;

  • Busca de recursos institucionais ou comunitários através de contatos telefônicos ou pela internet;

  • Articulação com a equipe interprofissional para encaminhamento das situações sociais apresentadas, tais como: solicitação de laudo médico, solicitação de acompanhamento psicológico, intercurso para interpretação da informação médica ou encaminhamento de insatisfações...;

  • Elaboração de relatórios no sentido do encaminhamento intersetorial das situações sociais (assistência, educação, transporte...);

  • Solicitação de recursos intra-institucionais, após avaliação social, tais como: ambulância ou auxílio transporte; auxílio alimentício; medicamento...

  • Orientações para acesso aos direitos sociais: "Vale social"; BPC; "Bolsa família"; assistência farmacêutica; previdência social...

  • Emissão de declarações referentes ao processo de internação hospitalar (acompanhantes ou de internação) para fins previdênciário, comprovação junto ao local de trabalho ou estudo;

  • Orientações pertinentes ao percurso institucional e para acesso aos serviços diversos no interior da instituição, tais como: contato com o médico, requisição de exames ou consultas; apresentação de insatisfação com os serviços (ouvidoria)...;
3. Análise sobre as atividades desempenhadas:

A análise das atividades desempenhadas requer a consideração sobre o estágio de organização do processo de trabalho do Serviço Social no Serviço do Coração.

O Serviço Social no Serviço do Coração desenvolve uma ação mais sistematizada a partir de maio de 2006, com a admissão da atual assistente social. Antes disso, a chefia do Serviço Social respondia de forma pontual às solicitações de usuários e/ou da equipe de profissionais.

A admissão de estagiários a partir de março de 2007, sofreu o rebatimento do momento inicial de implantação de uma nova proposta de trabalho elaborada por uma profissional recém admitida, dispondo portanto, de pouca inserção no âmbito institucional e no serviço.

Outrossim, a presença de demandas comuns ao Serviço Social em unidade hospitalar de outro nível de complexidade, tais como: abandono do idoso; população de rua; paciente sem identificação... não se constitui enquanto situações colocadas ao Serviço Social do HGB. A pouca visibilidade da questão social impõe diferentes desafios ao assistente social neste setor; seja na conquista do seu espaço sócio-ocupacional; seja na correta interpretação da expressão da questão social ali colocada. A análise de tal especificidade da expressão da questão social no Serviço do Coração do HGB é concebida pela supervisora enquanto decorrente do maior investimento do poder público nas ações primárias de saúde, em detrimento do acesso à assistência de alta complexidade, deixando disponível para a ação do setor privado de saúde esta importante e lucrativa fatia do mercado.

A avaliação social no pré –operatório constitui-se em importante papel, enquanto garantia de inclusão do usuário no direito à cirurgia cardíaca, já que percebe-se a existência do “filtro social” para o acesso a assistência de maior complexidade. Cabe assim, ao Serviço Social, a mobilização de recursos no sentido de assistir aos usuários, visando garantir o seu direito integral de asssitência à saúde, conforme estabelece os preceitos constitucionais e jurídicos.

Considera-se como fator de grande relevância a ação interdisciplinar, na qual envolve a interação de profissionais de diversas áreas, favorecendo a ampliação da compreensão do processo saúde – doença. A experiência interdisciplinar na execução do “Projeto de grupo de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca pós-alta hospitalar” vem se revelando como iniciativa muito bem sucedida e contribuindo para a melhor qualificação da assistência ao usuário, já que o mesmo visa oferecer suporte profissional no sentido da melhor qualidade de vida e da redução dos índices de reinternação hospitalar, a qual ocorre sempre com a situação de saúde mais agravada.
Outra frente de atuação do Serviço Social que envolveu a ação no estágio, foi a participação no Plantão Geral do Serviço Social. Trata-se de um espaço compartilhado entre a equipe de assistentes sociais em regime de escala. A assistente social supervisora é escalada por um período de 06 horas por semana (2a feira – de 13h às 19h). Desde o início do programa de estágio, a observação sobre esta frente de atuação teve espaço relevante.

Observa-se que a ação no atendimento de plantão expressa a falta de um projeto coletivo, configurando-se uma ação burocratizada e aleatória. A presença do funcionário administrativo enquanto principal responsável pelo atendimento de plantão denota a compreensão limitada sobre o caráter das demandas apresentadas ao plantão, as quais em sua maioria, expressam a dificuldade de acesso aos serviços sociais e de saúde, já que o plantão é uma das poucas portas abertas na individualização do usuário, em busca da necessária flexibilidade na rotina institucional.

4. Considerações finais:

Perceber a importância e a necessidade da atuação de profissionais como os assistentes sociais dentro de instituições como o HGB de forma cada vez mais capacitada e comprometida com o projeto ético-político da profissão, tendo como referencial maior às necessidades dos usuários.

A experiência adquirida neste período tem sido de grande importância na construção de novos elementos que ajudam a fundamentar o conhecimento, conciliando sempre a prática com a teoria, buscando um melhor aproveitamento referente ao aprendizado que se pode obter no campo de estágio.

Mesmo diante de algumas dificuldades encontradas pelo Serviço Social, para garantir seu espaço sócio-ocupacional, efetivação do acesso aos direitos, tem se conseguido realizar um trabalho com bons resultados.

Rio de Janeiro, dezembro de 2007.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Gente é pra brilhar!

Grupo de pacientes pós-alta


O Grupo de pacientes pós-alta é uma iniciativa da equipe multiprofissional do HGB, coordenada pelas psicólogas Teresa Silveira e Cláudia De Paulo e pela assistente social Tereza Silva, no intuito de oferecer suporte aos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca nos últimos seis meses, visando refletir sobre o estilo de vida saudável e diminuir os riscos da reinternação hospitalar.

Justificativa.

Toda forma de existência implica o estabelecimento de relações entre o organismo e o meio, assim como a convivência com algumas normas, limites e restrições. Assim, minhocas não atacam leões, girafas não voam, homens não respiram na água... As condições do indivíduo e do meio estabelecem limites e possibilidades. No caso do indivíduo humano, o mais complexo de todos, a interação com o meio influencia e sofre influência das condições biopsicossociais em questão.

De acordo com Canguilhem (1995), a ocorrência do adoecimento confere o surgimento de uma espécie de norma biológica, a partir da qual vigorará uma nova concepção de vida para que esta seja mantida. Faz-se necessário um redesenho do modo de viver, integrando as novas limitações impostas. As ações de saúde incidem sobre este campo biopsicossocial.

É sabido que as doenças cardiovasculares se constituem a maior causa de morte no Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde de 2004. Ou seja, tratam-se de problemas graves, cujos cuidados envolvem altos custos – financeiros, emocionais, sociais. Além disso, segundo o imaginário popular, o coração é o centro da vida e a sede das mais intensas emoções, sejam elas agradáveis ou não. Por estes motivos, os casos de infarto, angina pectoris, aneurisma de aorta e trocas valvares mobilizam vastas energias mentais e emocionais de pacientes, familiares e das equipes de saúde, na busca do equilíbrio do organismo transformado pela doença.

As experiências de risco de morte, inerentes aos procedimentos cirúrgicos de Cardiologia, são impregnadas por intensas cargas emocionais. Elas provocam angústia e ansiedade, as quais desencadeiam mecanismos psicológicos de defesa. Ainda que sirvam para proteger o sujeito do sofrimento psíquico, estas defesas podem, eventualmente, comprometer a manutenção do equilíbrio obtido pelo tratamento.

O trabalho multidisciplinar com os pacientes internados no Serviço do Coração do HGB visa preservar o indivíduo, aumentando sua sobrevida e qualidade de vida após o adoecimento cardiovascular. Para tal, não bastam os tratamentos clínicos, hemodinâmicos e cirúrgicos, sendo importantíssimo que sejam efetivadas mudanças em seu estilo de vida com o fim de evitar os fatores de risco, sendo os principais: hipertensão arterial sistêmica, altas taxas de colesterol e triglicerídeos, tabagismo, obesidade e fatores psicossociais (estresse emocional, dificuldade em adquirir a medicação, suporte familiar insuficiente ou inexistente, deficiente relação de confiança com os profissionais e instituição de saúde,etc.). Tais fatores podem levar ao agravamento e/ou novas internações, chegando às vezes ao óbito.

Em vista do acima exposto, o presente projeto busca ampliar a atenção ao paciente pós-cirúrgico, através da realização de um grupo de reflexão multidisciplinar, onde serão discutidas e trabalhadas as questões suscitadas pela sua nova condição biopsicossocial.
Objetivos.

Geral :
  • Favorecer um espaço de interação entre os usuários submetidos à cirurgia cardíaca no HGB, pós-alta hospitalar, bem como de suporte profissional no sentido de contribuir para a melhor qualidade de vida dos mesmos.

Específicos:
  • Acompanhar e propiciar suporte multiprofissional aos pacientes submetidos a cirurgia cardíaca;
  • Favorecer a reflexão dos usuários sobre o seu estilo de vida associado aos fatores de risco das doenças cardiovasculares, no sentido da busca de sua autonomia sobre a proteção e recuperação de sua saúde, bem como da construção de identidade e cidadania.
  • Fortalecer a rede social do paciente;
  • Diagnosticar e intervir sobre os fatores envolvidos na reinternação hospitalar;
  • Detectar precocemente os múltiplos fatores que podem propiciar o agravamento do quadro;

Operacionalização do grupo.

Constituição do grupo:

Os usuários são inseridos no grupo voluntariamente, sendo a inserção de forma contínua. Entretanto, cada usuário permanece no grupo por, no máximo, seis meses, podendo ser referenciado para uma unidade básica ou outros programas de saúde.

Dinâmica do grupo:

Os encontros do grupo são realizados mensalmente, durante duas horas, utilizando--se dinâmicas de grupo; recursos audiovisuais; exposição dialogada, ou seja, métodos que favorecam a informação, a reflexão e a compreensão das questões relativas ao processo saúde-doença por parte dos pacientes.

Temas abordados:

  • Como se adoece do coração? Fatores hereditários. Estilo de vida. Fatores emocionais e sociais. Fatores que cada um identifica como determinantes de seu adoecimento;
  • Como cada um descobriu a doença? A cirurgia. Experiências e impactos na vida pessoal e familiar;
  • A vida após a cirurgia. Relatos; Relação vida e morte;
  • Limites e possibilidades trazidos com a cirurgia. Reorganização da vida pessoal, familiar e profissional. Posso trabalhar? Posso me aborrecer? Sexualidade. Papéis familiares...;
  • Direitos previdenciários e sociais do cardiopata;
  • Reabilitação;
  • Alternativas terapêuticas e cirúrgicas: CRM, troca valvar, implante de marcapasso, angioplastia;
  • O que se pretende com a cirurgia? Recomendações médicas para o pós-cirúrgico. Adquirindo novos hábitos.

Avaliação dos resultados.

A avaliação será realizada a partir de determinados parâmetros:

  • Análise da sistematização dos dados dos questionários aplicados ao usuário após seis meses, quando será observado possíveis mudanças nos indicadores;
  • Comparação entre o número de reinternações hospitalares ocorridas no período de realização do grupo e nos períodos anteriores;
  • Impressões subjetivas apontadas pelos usuários;
  • Análise dos objetivos propostos no projeto inicial.

Atualmente, a equipe interprofissional está na fase de avaliação da primeira experiência do grupo, para posterior redefinição do projeto.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Perfil sócio-nosológico dos usuários do Serviço do Coração do Hospital Geral de Bonsucesso - HGB

Carla Wirz - acadêmica de Serviço Social - 7o. período - UFF
Tereza Cristina Silva - assistente so
cial - CRESS 7a. reg. 11908
Introdução.

O estudo que se apresenta visa caracterizar os aspectos sociais da população usuária do Serviço do Coração do Hospital Geral de Bonsucesso - HGB, a partir do levantamento das fichas sociais utilizadas pelo Serviço Social.

Trata-se de um enfoque amostral de cerca de 10% dos usuários atendidos entre durante o ano de 2007, no qual se pretendeu delinear o perfil sócio-nosológico dos mesmos.

Caracterização geral do HGB.

O HGB é reconhecido como o maior hospital da rede pública do Estado do Rio de Janeiro em volume geral de atendimentos, sendo categorizado como hospital geral com porta hospitalar de emergência.

A unidade é um complexo organizado em seis prédios. Possui cerca de quinhentos leitos e oferece vinte e cinco serviços assistenciais, envolvendo cirurgia de cabeça e pescoço; Oncologia (quimioterapia e radioterapia); atendimento à gestante de alto risco; transplante de rins (hemodiálise); fígado e córnea e cirurgia cardíaca. Atualmente, encontra-se em fase de implantação o Programa de transplante cardíaco.

É diretamente vinculado a CAP 3.1 (Coordenação de área programática), enquanto instância do SUS, onde existe a maior concentração de comunidades carentes e o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do município do Rio de Janeiro ( Brasil, 2006:5). Entretanto, os usuários procedem de diferentes áreas programáticas (AP’s) do município do Rio de Janeiro, além de vários outros municípios, em particular da Baixada Fluminense.

Encontra-se situado numa área de confluência das principais vias de acesso do município do Rio de Janeiro (Av. Brasil; Linha Vermelha; Linha Amarela e Linha Férrea). Tal proximidade, propicia o acesso da população, resultando no perfil de demandas com características metropolitanas.

Caracterização Geral do Serviço do Coração.
Equipe interprofissional do Serviço do Coração
O Serviço do Coração reúne a Enfermaria de Cardiologia Clínica (18 leitos); a Unidade Cardio-Intensiva (8 leitos) e o Ambulatório de Cardiologia, para atendimento de folow up (acompanhamento pós-cirúrgico por cerca de 06 meses).

Os pacientes são oriundos do Setor de Emergência; do ambulatório - no caso de cirurgias eletivas - e referenciados por outras unidades.

A maioria dos procedimentos são cirúrgicos (Revascularização do Micárdio; Troca Valvar; Angioplastia; Dissecção de Aorta ...). Poucos casos limitam-se ao Tratamento Clínico (medicamentoso) após diagnóstico com base em exames (patológicos; eletrocardiograma; ecocardiograma; ergometria; cateterismo ...). Atualmente encontra-se em fase de implantação o Programa de Transplante Cardíaco, envolvendo mobilização da equipe no sentido de definição de rotinas e protocolos de atendimento.

Assim, a cirurgia cardíaca tem relevância central na organização dos serviços, inclusive no atendimento ambulatorial, repercutindo na proposta de intervenção do Serviço Social.
Caracterização do Serviço Social.

O Serviço Social no Serviço do Coração desenvolve uma ação mais sistematizada a partir de maio de 2006. Antes disso, a chefia do Serviço Social respondia de forma pontual às solicitações de usuários e /ou da equipe de profissionais.

No “Plano de ação do Serviço Social no Serviço do Coração” foi estabelecido como objetivos:
  • “Atuar sobre a expressão das questões sociais dos pacientes do Serviço Social do Coração do HGB, com base na compreensão técnico - cientifica das demandas explicitas e implícitas, de forma a conceber a mutua interação entre a subjetividade e objetividade dos determinantes sociais do processo saúde – doença, favorecendo o resgate da dignidade humana e o sentido de cidadania, a partir do acesso aos direitos sociais.”

O Serviço Social estabelece como rotina no setor as seguintes frentes de atuação:

  • Realização de avaliação pré-operatória, com base no mapa cirúrgico, voltada para a elaboração de perfil social inicial (com registro no prontuário multiprofissional) dos pacientes com indicação de cirurgia cardíaca;
  • Acompanhamento dos pacientes apresentando situações sociais com repercussão no processo de adoecimento e de hospitalização;
  • Participação no protocolo de alta dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca;
  • Participação no round1 multiprofissional da Unidade Cardio-intensiva;
  • Round da Unidade Cardio-intensiva

  • Coordenação, conjuntamente com o serviço de Psicologia, do “Projeto de Grupo de pacientes pós-alta hospitalar submetidos à cirurgia cardíaca”, com freqüência mensal;
  • Participação nas reuniões multiprofissionais para definição de protocolo do Programa de transplante cardíaco;
  • Realização de grupo de pacientes internados, com frequência semanal, voltado para a reflexão das situações sociais presentes no processo de adoecimento e de hospitalização e para a identificação das situações que demandam acompanhamento pelo Serviço Social;

Primeira reunião do "Grupo de pacientes pós-alta submetidos à cirurgia cardíaca no HGB.

  • Supervisão de estagiários.

Perfil do usuário do Serviço do Coração do HGB.

Caracterização geral dos usuários do serviço do coração (faixa etária e sexo):

De acordo com o percentual levantado, observou-se que a grande maioria de usuários atendidos pelo serviço social no Serviço do coração são de homens com idade entre 41 e 60 anos, estando, portanto, em condições de trabalho ativa.

Considerando-se que a cirurgia cardíaca impõe limitações nas condições laborativas dos usuários, tendo como contra - indicação médica o exercício de atividades que envolvam esforço físico, verifica-se a demanda por assistência material, sobretudo advindas de pacientes sem vínculo previdenciário e por, não serem idosos, não são elegíveis para o Benefício de Prestação Continuada – BPC do INSS.

Observa-se ainda, dada a predominância cultural do papel masculino de provedor do lar, a necessária modificação dos papéis sociais no âmbito familiar.

Situação de saúde (diagnóstico; tipos de procedimentos; acompanhamento ambulatorial; reinternação; controle alimentar; atividades físicas; adesão ao tratamento):

Considerando-se as características da unidade de assistência no nível terciário e quaternário, constatamos que os usuários apresentam um quadro de saúde já afetado, diferentemente do que seria em uma unidade primária.

Assim, os usuários, advindos em sua maioria do Setor de Emergência em primeira internação, já convivem com a cardiopatia e estabelecem, minimamente, mecanismos de controle e de adesão ao tratamento, tais como: controle alimentar e acompanhamento ambulatorial.

Entretanto, o grande número de reinternações pode ser indicativo das dificuldades de várias ordens (sociais, psicológicas, falta de orientação nutricional; falta de esclarecimento sobre administração da medicação...) enfrentadas pelos usuários pós-alta hospitalar, justificando-se a implementação do Projeto “Grupo de pacientes pós-alta hospitalar submetidos à cirurgia cardíaca”, de caráter multiprofissional, realizado mensalmente.

Situação econômica:
Nota-se que a maioria dos usuários (58%) contam com renda familiar precária, situada entre um e três salários mínimos, a qual, em boa parte, é comprometida com o custo dos medicamentos, constituindo-se na principal demanda ao Serviço Social.

Apesar dos avanços jurídicos da Política de Saúde, a assistência farmacêutica ainda representa uma dívida dos governantes nas várias esferas de poder, comprometendo o princípio de atenção integral à saúde.

Situação trabalhista / previdenciária:

Observamos que a maioria das atividades profissionais envolvem esforço físico, o que acarretará em dificuldades possíveis dos usuários pós-alta hospitalar, exigindo capacitação para o desenvolvimentos de outras habilidades, bem como a modificação dos papéis sociais no âmbito familiar, visto as limitações impostas pela cirurgia cardíaca e a falta de vínculo previdenciário.

Procedência do usuário:

Constata-se que os usuários procedem de diferentes municípios Baixada Fluminense. Tal fato é representativo para a atuação do Serviço Social, a medida em que requer o conhecimento das especificidades das Política Setoriais no âmbito local, sobretudo da Política de Saúde e de Assistência Social.

Situação familiar:

A análise referente a situação familiar remete-nos a relevância da abordagem sobre tal aspecto na atuação do Serviço Social, a medida em que observamos a predominância do papel de provedor do usuário na família, envolvendo a necessária consideração sobre os aspectos subjetivos e culturais na assistência desenvolvida.

Por outro lado, a ausência de pacientes sem vínculo familiar, diferentemente do que é publicizado pelo Serviço Social em outras unidades de saúde de assistência de menor complexidade, coloca-se enquanto indagação sobre um possível “filtro social” para o acesso a assistência de maior complexidade. O relato de outras experiências do Serviço Social em unidade hospitalar, indicando demandas explícitas tais como: abandono do idoso; população de rua; paciente sem identificação... não se constitui enquanto situações colocadas ao Serviço Social do HGB. A pouca visibilidade da questão social impõe diferentes desafios ao assistente social neste setor; seja na conquista do seu espaço sócio-ocupacional; seja na correta interpretação da expressão da questão social.

Aspectos culturais:

Verifica-se uma baixa escolaridade da maioria dos usuários, indicando a importância da ação educativa em saúde, em particular as referentes à prevenção sobre os fatores de risco das cardiopatias.

A abordagem sobre a religião na ficha social tem o intuito de perceber a subjetividade do usuário, considerando-se o caráter simbólico da fé enquanto importante componente no processo de adoecimento e terapêutico. Observa-se, assim, que a grande maioria dos usuários são adeptos de alguma religião.

Considerações finais.

O Serviço Social no HGB enfrenta, em seu cotidiano, a contradição fundamental de, por um lado, atender uma demanda cada vez maior e mais agravada e, por outro, operacionalizar uma Política de saúde, na prática, excludente.

Podemos observar que quanto maior o nível de complexidade da assistência à saúde, maior a dificuldade de acesso à mesma. Enquanto que a assistência primária é efetivada através de práticas simples e que necessitam menor investimento tecnológico e de capital, a assistência de maior complexidade exige um investimento maior, quase sempre ofertado pela iniciativa privada.

Em tempo de “Estado Mínimo”, o Estado acaba reduzindo seus investimentos no nível básico de assistência, deixando para a saúde privada esta fatia de lucro.

No Serviço do Coração, apesar dos esforços no sentido de problematizar as contradições do âmbito institucional, percebe-se um sentimento de impotência diante dos entraves impostos aos usuários para acesso aos serviços, bem como da ausência de políticas públicas eficazes voltadas para a garantia de continuidade do tratamento (assistência farmacêutica, assistência social, assistência previdenciária...), visto às limitações laborativas impostas pela cirurgia cardíaca.

Apesar de ultrapassar algumas das barreiras para o acesso aos serviços de saúde, o usuário continua enfrentando dificuldades em seu percurso, dentro ou fora da instituição, no sentido da garantia de seus direitos sociais. Outrossim, a ausência de oferta de serviços de alta complexidade nos municípios, resultando na confluência para o HGB, agrava tal quadro.

1 Reunião multiprofissional para discussão dos casos clínicos e definição conjunta de conduta.

Assistente social Tereza Cristina e acadêmica Carla Wirz

segunda-feira, 16 de junho de 2008

15 de maio: "Dia do assistente social"



O "Dia do assistente social" - 15 de maio, pode apenas ser considerado como uma data simbólica. Mas, para estes profissionais que assumem, cotidianamente, o compromisso de defesa, ampliação e consolidação dos direitos sociais, representa o momento de reafirmação de seu projeto ético-político pautado na busca por uma sociedade de igualdade e de justiça social.

Segundo a definição do CRESS 7a. região (Conselho Regional de Serviço Social), o assistente social realiza um trabalho essencialmente sócio-educativo e está qualificado para atuar nas diversas áreas ligadas à condução das políticas sociais públicas e privadas, tais como planejamento, organização, execução, avaliação, gestão, pesquisa e assessoria.

O seu trabalho tem como principal objetivo responder às demandas dos usuários dos serviços prestados, garantindo o acesso aos direitos assegurados na Constituição Federal de 1988 e na legislação complementar.

Para isso, o assistente social utiliza vários instrumentos de trabalho, como entrevistas, análises sociais, relatórios, levantamento de recursos, encaminhamentos, visitas domiciliares, dinâmicas de grupo, pareceres sociais, contatos institucionais, entre outros.

O assistente social é responsável por fazer uma análise da realidade social e institucional, e intervir para melhorar as condições de vida do usuário. A adequada utilização desses instrumentos requer uma contínua capacitação profissional que busque aprimorar seus conhecimentos e habilidades nas suas diversas áreas de atuação.


A equipe de Serviço Social do HGB vem construindo um caminho bastante positivo. Reforçada com a admissão recente de vários assistentes sociais, busca redefinir o projeto de intervenção na unidade, a partir de um esforço coletivo e organizado.

O evento comemorativo do "Dia do assistente social", o qual enfatizou a análise da atual política de saúde e do papel do Serviço Social neste contexto, representou um passo inicial vitorioso.



Há ainda muito caminho a ser percorrido. Mas, estamos construindo um bonito trajeto.

Parabéns, assistentes sociais!


sábado, 14 de junho de 2008

Serviço social: sobre o que atuar?

Serviço Social e Saúde: Sobre o que atuar?

Debate em comemoração ao "Dia do assistente social e da enfermagem"

15 de maio de 2002 expositora: AS Tereza Cristina Silva

O "15 de maio - dia do assistente social" é motivo de orgulho e consagração na categoria, bem como de reafirmação dos pressupostos de seu projeto ético-político, caracterizado pelo compromisso e defesa intransigente dos direitos sociais, em particular, dos trabalhadores, e pela denúncia e indignação sobre o estado de barbárie e de desigualdade social que caracteriza o capitalismo no Brasil.

No momento atual, a reflexão sobre esta data reveste-se de importância significativa, visto que o aprofundamento da crise econômico-social produzida pelo atual governo neoliberal, intensifica o caráter contraditório da profissão de, por um atender uma demanda cada vez maior e mais agravada e, por outro lado, atuar sob condições mais precárias, de esvaziamento de políticas públicas e de parcos recursos institucionais. O crescimento da miséria, do desemprego,da violência urbana..os quais resultam também em degeneração de valores, na perda de referências e no afrouxamento de laços familiares, configuram-se num quadro apresentado cotidianamente aos assistentes sociais.,os quais buscam aportes técnico-científicos para a compreensão desta realidade e para a elaboração de respostas profissionais.

No setor de saúde, as mudanças no plano jurídico-normativo configuradas no SUS, não deram conta de alterar a perversa realidade que envolve as camadas populares. Se, por um lado, tivemos avanços relevantes, sobretudo com a ampliação da atenção básica e com algum investimento em programas de promoção à saúde, tais como os programas de saúde da família e os agentes comunitários por outro lado os avanços não se articularam, com ações de saúde que envolvem a rede de maior complexidade.

São comuns no nosso cotidiano de trabalho às solicitações para exames (tomografias, ultra-sonografias, ressonâncias magnéticas...), medicamentos e internações. A população é submetida ao percurso por várias unidades de saúde, manifestando-se de forma subalternizada, contrariando o fundamento principal do SUS que define a saúde como um direito universal e de dever do Estado. Por outro lado, o quadro sanitário de crescimento da demanda por saúde; o ressurgimento de algumas epidemias e endemias (cólera, febre amarela, tuberculose, dengue, hanseníase...) e persistência de outras (AIDS); as filas nos hospitais; a morte por doenças de fácil prevenção (diarréia, esquistossomose, chagas, hipertensão...) 1, apesar das três trocas de comando do Ministério da Saúde pelo presidente FHC; demonstram que o desenvolvimento da atual política de saúde está longe de atingir às necessidades da população relativas ao setor.

Assim, a degradação das condições de vida e de saúde da maioria da população, resultantes da intensificação da crise econômico-social e a precarização da política de saúde, tem reflexo no interior das instituições de saúde, sobretudo numa unidade de emergência como o Hospital Estadual Getúlio Vargas, situado numa região marcada pelos altos índices de violência e de condições precárias de vida.

Em um levantamento breve realizado entre a equipe de assistentes sociais do HEGV 2, percebe-se uma demanda social variada que chega até estes profissionais, destacando-se: desemprego ou emprego precário desprovido de direitos elementares (trabalho informal); fome (desnutrição e subnutrição); abandono do idoso.pela família e pelo Estado; violência doméstica contra à mulher e contra à criança e ao adolescente; alcoolismo; abuso de drogas; perda de vínculos familiares e sociais com várias repercussões, particularmente, o suicídio; desinformação acerca de direitos e banalização da exclusão ("subalternidade consentida"); desinformação sobre formas de prevenção e tratamento da saúde; moradias precárias, sem saneamento básico e sem instalações elétricas (ou clandestinas) e hidráulicas; dificuldade de acesso aos serviços de saúde, gerando situações de emergência pela falta de tratamento da doença; restrição de instituições de amparo ao idoso, .ao deficiente físico, às populações de rua.

Ao assistente social, caberá como papel principal o de operacionalizar mediações (entrevistas, grupos, visitas domiciliares, pesquisas, escuta, acolhimento, encaminhamentos, contatos institucionais, articulações com entidades populares) as quais contribuam para a efetivação da condição de cidadania dos usuários, facilitando o acesso e informação da população sobre seus direitos, não só no sentido de realizar os devidos encaminhamentos aos recursos institucionais disponíveis, mas também de refletir junto aos pacientes e seus familiares sobre as formas de.promoção, proteção e recuperação da saúde em diferentes níveis.

Assim entende-se que os assistentes sociais possuem um papel relevante no sentido de contribuir para a concretização do conceito-ampliado de saúde, o qual considera como elementos determinantes do processo saúde-doença as condições de alimentação, renda, moradia, transporte, lazer... ou seja, a compreensão da .saúde não limitada aos aspectos biológicos da doença, mas considerando-se , também os aspectos sociais, culturais, psicológicos...

Entretanto, a efetivação de tal papel realiza-se de forma conflituosa no processo de trabalho em saúde, seja devido a limitação de.uma consciência sanitária.e da .concepção ampliada de saúde no interior da equipe interprofissional, consubstanciada na desorganização do seu processo de trabalho (despadronização do sistema de informação; desarticulação entre os setores; falta de reuniões técnicas entre a equipe interprofissional; escalas de trabalho desintegradas entre os segmentos profissionais; -ausência de projetos comuns); seja devidos aos fatores macro-sociais (restrição de recursos institucionais; crescimento da demanda social; clientelismo; lógica de -produtividade no sistema...),.os quais desrespeitam os princípios do SUS (universalidade, integralidade, democracia...) e o modelo assistencial dele decorrente.

A limitação na consciência sanitária na cultura institucional provoca, freqüentemente, uma contradição entre o que o assistente social considera como demanda social e o que se coloca enquanto demanda institucional. O desvirtuamento das atribuições do assistente social, as quais constam no seu estatuto profissional, aparece a partir de requisições burocráticas e desqualificadas, por parte de outros segmentos profissionais, tais como: preenchimento de guia de ambulância; preenchimento de cabeçalho de laudo médico; informações a respeito de formulários da competência médica; comunicados de alta para pacientes que não estão sendo acompanhados pelo Serviço Social; autorização para visitas em situações que não necessitam de parecer social; convocação de familiar para contato médico em situações que não envolvem a atuação do assistente social; busca de vaga para transferência, envolvendo apenas aspectos do tratamento do paciente...

O confronto, na busca da legitimação profissional, acentua fragmentação interprofissional, prejudicando a construção do sentido da interdisciplinaridade, e, conseqüentemente, limitando a compreensão da demanda sobre qual os profissionais atuam, considerando-se que a realidade é multifacetada e; para ser melhor compreendida, exige o olhar diferenciado dos diversos segmentos profissionais.

A limitação na .consciência sanitária reflete uma assistência centrada na.especialidade médica, na qual os demais profissionais são tidos como subordinados à prática médica, Tal ênfase, resulta também na onipotência médica.perante os usuários e na concepção meramente técnica da assistência, em detrimento dos valores éticos, humanos e do respeito aos direitos legítimos dos usuários.

O questionamento sobre o papel do assistente social, constatado na cultura institucional a partir das cotidianas indagações (“o.que faz então o Serviço Social?”), poderia receber como resposta:

O Serviço Social busca atuar, com aportes profissionais, sobre as demandas sociais colocadas pelos usuários, estas resultantes das contradições a que os mesmos estão submetidos em sua realidade social no contexto de uma sociedade capitalista.

Assim, a apreensão da dinâmica desta realidade não poderia se efetivar em um tipo de ação profissional indefinida ou definida apenas por uma opção político-ideológica sob o risco de oscilar entre uma atuação fatalista ou voluntarista. A elaboração de respostas profissionais por parte do Serviço Social no atendimento às demandas sociais que se apresentam, guardado o seu caráter plural, parte da compreensão científica da realidade, utilizando-se da produção teórica realizada pelas disciplinas com tal característica (Economia, Sociologia, História, Antropologia...).

Assim, compreender o papel do assistente social é compreender que o Serviço Social é uma necessidade da sociedade e é por ela determinado, conforme o contexto histórico considerado.

Notas:

1- Segundo Carlyle Guerra de Macedo, integrante do Conselho Nacional de Saúde em 1998 e ex-diretor geral do escritório da OPAS no Brasil, 400 mil pessoas morrem por ano de tais doenças, as quais poderiam ser contornadas com programas preventivos de baixo custo e fácil implementação. Fonte: Jornal do Brasil, 05..04.98.

2 Responderam ao questionário 10 assistentes sociais.

Colaboração:

assistentes sociais Denise (coordenadora do Serviço Social); Laureci {Cirurgia- Vascular. Ginecologia, Urologia e Buco-(maxilo); Janir (Clínica Médica e Cardiologia masculina); Valéria (Ortopedia e Cirurgia Plástica); Érika (Emergência); Sandra (Emergência); Fernanda (Emergência); Kelly (Emergência); Cleusmar (Saúde. do. ldoso) e Adriana (Saúde do Idoso).

Rio de Janeiro, 15 de maio de 2002.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Enquanto houver sol...


Quando não houver saída
Quando não houver mais solução
Ainda há de haver saída
Nenhuma idéia vale uma vida

Quando não houver esperança
Quando não restar nem ilusão
Ainda há de haver esperança
Em cada um de nós, algo de uma criança

Enquanto houver , enquanto houver Sol
Ainda haverá
Enquanto houver, enquanto houver Sol

Quando não houver caminho
Mesmo sem amor, sem direção
A sós ninguém está sozinho
É caminhando que se faz o caminho

Quando não houver desejo
Quando não restar nem mesmo dor
Ainda há de haver desejo
Em cada um de nós, aonde deus colocou

Enquanto houver, enquanto houver Sol
Ainda haverá
Enquanto houver , enquanto houver Sol

GALERIA DE FOTOS:

"Nada que VIVE, vive só ou pra si..."

"Dia do assistente social" - maio de 2008

"Envelhecimento humano e cidadania da pessoa idosa"