Bem vindos!

Este espaço visa compartilhar experiências profissionais de Serviço Social na área de saúde.

Considerando-se a grande diversidade e dinamicidade das expressões da questão social, a troca de vivências profissionais tem relevante papel no intuito de qualificação da assistência prestada e na construção do projeto ético-político sintonizado com os anseios de igualdade e de justiça social.

Veja também as seções de apresentações em Power Point, dicas de filmes, sites e bibliografia.Se possível, deixe seu comentário. Ele, certamente, contribuirá para melhorar o espaço e catalizar o potencial para outras iniciativas.

Se desejar, entre contato pelo e-mail ou add no MSN, Facebook, Twitter ou Orkut.

Um grande abraço.

Tereza Cristina





segunda-feira, 30 de junho de 2008

Gente é pra brilhar!

Grupo de pacientes pós-alta


O Grupo de pacientes pós-alta é uma iniciativa da equipe multiprofissional do HGB, coordenada pelas psicólogas Teresa Silveira e Cláudia De Paulo e pela assistente social Tereza Silva, no intuito de oferecer suporte aos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca nos últimos seis meses, visando refletir sobre o estilo de vida saudável e diminuir os riscos da reinternação hospitalar.

Justificativa.

Toda forma de existência implica o estabelecimento de relações entre o organismo e o meio, assim como a convivência com algumas normas, limites e restrições. Assim, minhocas não atacam leões, girafas não voam, homens não respiram na água... As condições do indivíduo e do meio estabelecem limites e possibilidades. No caso do indivíduo humano, o mais complexo de todos, a interação com o meio influencia e sofre influência das condições biopsicossociais em questão.

De acordo com Canguilhem (1995), a ocorrência do adoecimento confere o surgimento de uma espécie de norma biológica, a partir da qual vigorará uma nova concepção de vida para que esta seja mantida. Faz-se necessário um redesenho do modo de viver, integrando as novas limitações impostas. As ações de saúde incidem sobre este campo biopsicossocial.

É sabido que as doenças cardiovasculares se constituem a maior causa de morte no Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde de 2004. Ou seja, tratam-se de problemas graves, cujos cuidados envolvem altos custos – financeiros, emocionais, sociais. Além disso, segundo o imaginário popular, o coração é o centro da vida e a sede das mais intensas emoções, sejam elas agradáveis ou não. Por estes motivos, os casos de infarto, angina pectoris, aneurisma de aorta e trocas valvares mobilizam vastas energias mentais e emocionais de pacientes, familiares e das equipes de saúde, na busca do equilíbrio do organismo transformado pela doença.

As experiências de risco de morte, inerentes aos procedimentos cirúrgicos de Cardiologia, são impregnadas por intensas cargas emocionais. Elas provocam angústia e ansiedade, as quais desencadeiam mecanismos psicológicos de defesa. Ainda que sirvam para proteger o sujeito do sofrimento psíquico, estas defesas podem, eventualmente, comprometer a manutenção do equilíbrio obtido pelo tratamento.

O trabalho multidisciplinar com os pacientes internados no Serviço do Coração do HGB visa preservar o indivíduo, aumentando sua sobrevida e qualidade de vida após o adoecimento cardiovascular. Para tal, não bastam os tratamentos clínicos, hemodinâmicos e cirúrgicos, sendo importantíssimo que sejam efetivadas mudanças em seu estilo de vida com o fim de evitar os fatores de risco, sendo os principais: hipertensão arterial sistêmica, altas taxas de colesterol e triglicerídeos, tabagismo, obesidade e fatores psicossociais (estresse emocional, dificuldade em adquirir a medicação, suporte familiar insuficiente ou inexistente, deficiente relação de confiança com os profissionais e instituição de saúde,etc.). Tais fatores podem levar ao agravamento e/ou novas internações, chegando às vezes ao óbito.

Em vista do acima exposto, o presente projeto busca ampliar a atenção ao paciente pós-cirúrgico, através da realização de um grupo de reflexão multidisciplinar, onde serão discutidas e trabalhadas as questões suscitadas pela sua nova condição biopsicossocial.
Objetivos.

Geral :
  • Favorecer um espaço de interação entre os usuários submetidos à cirurgia cardíaca no HGB, pós-alta hospitalar, bem como de suporte profissional no sentido de contribuir para a melhor qualidade de vida dos mesmos.

Específicos:
  • Acompanhar e propiciar suporte multiprofissional aos pacientes submetidos a cirurgia cardíaca;
  • Favorecer a reflexão dos usuários sobre o seu estilo de vida associado aos fatores de risco das doenças cardiovasculares, no sentido da busca de sua autonomia sobre a proteção e recuperação de sua saúde, bem como da construção de identidade e cidadania.
  • Fortalecer a rede social do paciente;
  • Diagnosticar e intervir sobre os fatores envolvidos na reinternação hospitalar;
  • Detectar precocemente os múltiplos fatores que podem propiciar o agravamento do quadro;

Operacionalização do grupo.

Constituição do grupo:

Os usuários são inseridos no grupo voluntariamente, sendo a inserção de forma contínua. Entretanto, cada usuário permanece no grupo por, no máximo, seis meses, podendo ser referenciado para uma unidade básica ou outros programas de saúde.

Dinâmica do grupo:

Os encontros do grupo são realizados mensalmente, durante duas horas, utilizando--se dinâmicas de grupo; recursos audiovisuais; exposição dialogada, ou seja, métodos que favorecam a informação, a reflexão e a compreensão das questões relativas ao processo saúde-doença por parte dos pacientes.

Temas abordados:

  • Como se adoece do coração? Fatores hereditários. Estilo de vida. Fatores emocionais e sociais. Fatores que cada um identifica como determinantes de seu adoecimento;
  • Como cada um descobriu a doença? A cirurgia. Experiências e impactos na vida pessoal e familiar;
  • A vida após a cirurgia. Relatos; Relação vida e morte;
  • Limites e possibilidades trazidos com a cirurgia. Reorganização da vida pessoal, familiar e profissional. Posso trabalhar? Posso me aborrecer? Sexualidade. Papéis familiares...;
  • Direitos previdenciários e sociais do cardiopata;
  • Reabilitação;
  • Alternativas terapêuticas e cirúrgicas: CRM, troca valvar, implante de marcapasso, angioplastia;
  • O que se pretende com a cirurgia? Recomendações médicas para o pós-cirúrgico. Adquirindo novos hábitos.

Avaliação dos resultados.

A avaliação será realizada a partir de determinados parâmetros:

  • Análise da sistematização dos dados dos questionários aplicados ao usuário após seis meses, quando será observado possíveis mudanças nos indicadores;
  • Comparação entre o número de reinternações hospitalares ocorridas no período de realização do grupo e nos períodos anteriores;
  • Impressões subjetivas apontadas pelos usuários;
  • Análise dos objetivos propostos no projeto inicial.

Atualmente, a equipe interprofissional está na fase de avaliação da primeira experiência do grupo, para posterior redefinição do projeto.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Perfil sócio-nosológico dos usuários do Serviço do Coração do Hospital Geral de Bonsucesso - HGB

Carla Wirz - acadêmica de Serviço Social - 7o. período - UFF
Tereza Cristina Silva - assistente so
cial - CRESS 7a. reg. 11908
Introdução.

O estudo que se apresenta visa caracterizar os aspectos sociais da população usuária do Serviço do Coração do Hospital Geral de Bonsucesso - HGB, a partir do levantamento das fichas sociais utilizadas pelo Serviço Social.

Trata-se de um enfoque amostral de cerca de 10% dos usuários atendidos entre durante o ano de 2007, no qual se pretendeu delinear o perfil sócio-nosológico dos mesmos.

Caracterização geral do HGB.

O HGB é reconhecido como o maior hospital da rede pública do Estado do Rio de Janeiro em volume geral de atendimentos, sendo categorizado como hospital geral com porta hospitalar de emergência.

A unidade é um complexo organizado em seis prédios. Possui cerca de quinhentos leitos e oferece vinte e cinco serviços assistenciais, envolvendo cirurgia de cabeça e pescoço; Oncologia (quimioterapia e radioterapia); atendimento à gestante de alto risco; transplante de rins (hemodiálise); fígado e córnea e cirurgia cardíaca. Atualmente, encontra-se em fase de implantação o Programa de transplante cardíaco.

É diretamente vinculado a CAP 3.1 (Coordenação de área programática), enquanto instância do SUS, onde existe a maior concentração de comunidades carentes e o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do município do Rio de Janeiro ( Brasil, 2006:5). Entretanto, os usuários procedem de diferentes áreas programáticas (AP’s) do município do Rio de Janeiro, além de vários outros municípios, em particular da Baixada Fluminense.

Encontra-se situado numa área de confluência das principais vias de acesso do município do Rio de Janeiro (Av. Brasil; Linha Vermelha; Linha Amarela e Linha Férrea). Tal proximidade, propicia o acesso da população, resultando no perfil de demandas com características metropolitanas.

Caracterização Geral do Serviço do Coração.
Equipe interprofissional do Serviço do Coração
O Serviço do Coração reúne a Enfermaria de Cardiologia Clínica (18 leitos); a Unidade Cardio-Intensiva (8 leitos) e o Ambulatório de Cardiologia, para atendimento de folow up (acompanhamento pós-cirúrgico por cerca de 06 meses).

Os pacientes são oriundos do Setor de Emergência; do ambulatório - no caso de cirurgias eletivas - e referenciados por outras unidades.

A maioria dos procedimentos são cirúrgicos (Revascularização do Micárdio; Troca Valvar; Angioplastia; Dissecção de Aorta ...). Poucos casos limitam-se ao Tratamento Clínico (medicamentoso) após diagnóstico com base em exames (patológicos; eletrocardiograma; ecocardiograma; ergometria; cateterismo ...). Atualmente encontra-se em fase de implantação o Programa de Transplante Cardíaco, envolvendo mobilização da equipe no sentido de definição de rotinas e protocolos de atendimento.

Assim, a cirurgia cardíaca tem relevância central na organização dos serviços, inclusive no atendimento ambulatorial, repercutindo na proposta de intervenção do Serviço Social.
Caracterização do Serviço Social.

O Serviço Social no Serviço do Coração desenvolve uma ação mais sistematizada a partir de maio de 2006. Antes disso, a chefia do Serviço Social respondia de forma pontual às solicitações de usuários e /ou da equipe de profissionais.

No “Plano de ação do Serviço Social no Serviço do Coração” foi estabelecido como objetivos:
  • “Atuar sobre a expressão das questões sociais dos pacientes do Serviço Social do Coração do HGB, com base na compreensão técnico - cientifica das demandas explicitas e implícitas, de forma a conceber a mutua interação entre a subjetividade e objetividade dos determinantes sociais do processo saúde – doença, favorecendo o resgate da dignidade humana e o sentido de cidadania, a partir do acesso aos direitos sociais.”

O Serviço Social estabelece como rotina no setor as seguintes frentes de atuação:

  • Realização de avaliação pré-operatória, com base no mapa cirúrgico, voltada para a elaboração de perfil social inicial (com registro no prontuário multiprofissional) dos pacientes com indicação de cirurgia cardíaca;
  • Acompanhamento dos pacientes apresentando situações sociais com repercussão no processo de adoecimento e de hospitalização;
  • Participação no protocolo de alta dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca;
  • Participação no round1 multiprofissional da Unidade Cardio-intensiva;
  • Round da Unidade Cardio-intensiva

  • Coordenação, conjuntamente com o serviço de Psicologia, do “Projeto de Grupo de pacientes pós-alta hospitalar submetidos à cirurgia cardíaca”, com freqüência mensal;
  • Participação nas reuniões multiprofissionais para definição de protocolo do Programa de transplante cardíaco;
  • Realização de grupo de pacientes internados, com frequência semanal, voltado para a reflexão das situações sociais presentes no processo de adoecimento e de hospitalização e para a identificação das situações que demandam acompanhamento pelo Serviço Social;

Primeira reunião do "Grupo de pacientes pós-alta submetidos à cirurgia cardíaca no HGB.

  • Supervisão de estagiários.

Perfil do usuário do Serviço do Coração do HGB.

Caracterização geral dos usuários do serviço do coração (faixa etária e sexo):

De acordo com o percentual levantado, observou-se que a grande maioria de usuários atendidos pelo serviço social no Serviço do coração são de homens com idade entre 41 e 60 anos, estando, portanto, em condições de trabalho ativa.

Considerando-se que a cirurgia cardíaca impõe limitações nas condições laborativas dos usuários, tendo como contra - indicação médica o exercício de atividades que envolvam esforço físico, verifica-se a demanda por assistência material, sobretudo advindas de pacientes sem vínculo previdenciário e por, não serem idosos, não são elegíveis para o Benefício de Prestação Continuada – BPC do INSS.

Observa-se ainda, dada a predominância cultural do papel masculino de provedor do lar, a necessária modificação dos papéis sociais no âmbito familiar.

Situação de saúde (diagnóstico; tipos de procedimentos; acompanhamento ambulatorial; reinternação; controle alimentar; atividades físicas; adesão ao tratamento):

Considerando-se as características da unidade de assistência no nível terciário e quaternário, constatamos que os usuários apresentam um quadro de saúde já afetado, diferentemente do que seria em uma unidade primária.

Assim, os usuários, advindos em sua maioria do Setor de Emergência em primeira internação, já convivem com a cardiopatia e estabelecem, minimamente, mecanismos de controle e de adesão ao tratamento, tais como: controle alimentar e acompanhamento ambulatorial.

Entretanto, o grande número de reinternações pode ser indicativo das dificuldades de várias ordens (sociais, psicológicas, falta de orientação nutricional; falta de esclarecimento sobre administração da medicação...) enfrentadas pelos usuários pós-alta hospitalar, justificando-se a implementação do Projeto “Grupo de pacientes pós-alta hospitalar submetidos à cirurgia cardíaca”, de caráter multiprofissional, realizado mensalmente.

Situação econômica:
Nota-se que a maioria dos usuários (58%) contam com renda familiar precária, situada entre um e três salários mínimos, a qual, em boa parte, é comprometida com o custo dos medicamentos, constituindo-se na principal demanda ao Serviço Social.

Apesar dos avanços jurídicos da Política de Saúde, a assistência farmacêutica ainda representa uma dívida dos governantes nas várias esferas de poder, comprometendo o princípio de atenção integral à saúde.

Situação trabalhista / previdenciária:

Observamos que a maioria das atividades profissionais envolvem esforço físico, o que acarretará em dificuldades possíveis dos usuários pós-alta hospitalar, exigindo capacitação para o desenvolvimentos de outras habilidades, bem como a modificação dos papéis sociais no âmbito familiar, visto as limitações impostas pela cirurgia cardíaca e a falta de vínculo previdenciário.

Procedência do usuário:

Constata-se que os usuários procedem de diferentes municípios Baixada Fluminense. Tal fato é representativo para a atuação do Serviço Social, a medida em que requer o conhecimento das especificidades das Política Setoriais no âmbito local, sobretudo da Política de Saúde e de Assistência Social.

Situação familiar:

A análise referente a situação familiar remete-nos a relevância da abordagem sobre tal aspecto na atuação do Serviço Social, a medida em que observamos a predominância do papel de provedor do usuário na família, envolvendo a necessária consideração sobre os aspectos subjetivos e culturais na assistência desenvolvida.

Por outro lado, a ausência de pacientes sem vínculo familiar, diferentemente do que é publicizado pelo Serviço Social em outras unidades de saúde de assistência de menor complexidade, coloca-se enquanto indagação sobre um possível “filtro social” para o acesso a assistência de maior complexidade. O relato de outras experiências do Serviço Social em unidade hospitalar, indicando demandas explícitas tais como: abandono do idoso; população de rua; paciente sem identificação... não se constitui enquanto situações colocadas ao Serviço Social do HGB. A pouca visibilidade da questão social impõe diferentes desafios ao assistente social neste setor; seja na conquista do seu espaço sócio-ocupacional; seja na correta interpretação da expressão da questão social.

Aspectos culturais:

Verifica-se uma baixa escolaridade da maioria dos usuários, indicando a importância da ação educativa em saúde, em particular as referentes à prevenção sobre os fatores de risco das cardiopatias.

A abordagem sobre a religião na ficha social tem o intuito de perceber a subjetividade do usuário, considerando-se o caráter simbólico da fé enquanto importante componente no processo de adoecimento e terapêutico. Observa-se, assim, que a grande maioria dos usuários são adeptos de alguma religião.

Considerações finais.

O Serviço Social no HGB enfrenta, em seu cotidiano, a contradição fundamental de, por um lado, atender uma demanda cada vez maior e mais agravada e, por outro, operacionalizar uma Política de saúde, na prática, excludente.

Podemos observar que quanto maior o nível de complexidade da assistência à saúde, maior a dificuldade de acesso à mesma. Enquanto que a assistência primária é efetivada através de práticas simples e que necessitam menor investimento tecnológico e de capital, a assistência de maior complexidade exige um investimento maior, quase sempre ofertado pela iniciativa privada.

Em tempo de “Estado Mínimo”, o Estado acaba reduzindo seus investimentos no nível básico de assistência, deixando para a saúde privada esta fatia de lucro.

No Serviço do Coração, apesar dos esforços no sentido de problematizar as contradições do âmbito institucional, percebe-se um sentimento de impotência diante dos entraves impostos aos usuários para acesso aos serviços, bem como da ausência de políticas públicas eficazes voltadas para a garantia de continuidade do tratamento (assistência farmacêutica, assistência social, assistência previdenciária...), visto às limitações laborativas impostas pela cirurgia cardíaca.

Apesar de ultrapassar algumas das barreiras para o acesso aos serviços de saúde, o usuário continua enfrentando dificuldades em seu percurso, dentro ou fora da instituição, no sentido da garantia de seus direitos sociais. Outrossim, a ausência de oferta de serviços de alta complexidade nos municípios, resultando na confluência para o HGB, agrava tal quadro.

1 Reunião multiprofissional para discussão dos casos clínicos e definição conjunta de conduta.

Assistente social Tereza Cristina e acadêmica Carla Wirz

segunda-feira, 16 de junho de 2008

15 de maio: "Dia do assistente social"



O "Dia do assistente social" - 15 de maio, pode apenas ser considerado como uma data simbólica. Mas, para estes profissionais que assumem, cotidianamente, o compromisso de defesa, ampliação e consolidação dos direitos sociais, representa o momento de reafirmação de seu projeto ético-político pautado na busca por uma sociedade de igualdade e de justiça social.

Segundo a definição do CRESS 7a. região (Conselho Regional de Serviço Social), o assistente social realiza um trabalho essencialmente sócio-educativo e está qualificado para atuar nas diversas áreas ligadas à condução das políticas sociais públicas e privadas, tais como planejamento, organização, execução, avaliação, gestão, pesquisa e assessoria.

O seu trabalho tem como principal objetivo responder às demandas dos usuários dos serviços prestados, garantindo o acesso aos direitos assegurados na Constituição Federal de 1988 e na legislação complementar.

Para isso, o assistente social utiliza vários instrumentos de trabalho, como entrevistas, análises sociais, relatórios, levantamento de recursos, encaminhamentos, visitas domiciliares, dinâmicas de grupo, pareceres sociais, contatos institucionais, entre outros.

O assistente social é responsável por fazer uma análise da realidade social e institucional, e intervir para melhorar as condições de vida do usuário. A adequada utilização desses instrumentos requer uma contínua capacitação profissional que busque aprimorar seus conhecimentos e habilidades nas suas diversas áreas de atuação.


A equipe de Serviço Social do HGB vem construindo um caminho bastante positivo. Reforçada com a admissão recente de vários assistentes sociais, busca redefinir o projeto de intervenção na unidade, a partir de um esforço coletivo e organizado.

O evento comemorativo do "Dia do assistente social", o qual enfatizou a análise da atual política de saúde e do papel do Serviço Social neste contexto, representou um passo inicial vitorioso.



Há ainda muito caminho a ser percorrido. Mas, estamos construindo um bonito trajeto.

Parabéns, assistentes sociais!


sábado, 14 de junho de 2008

Serviço social: sobre o que atuar?

Serviço Social e Saúde: Sobre o que atuar?

Debate em comemoração ao "Dia do assistente social e da enfermagem"

15 de maio de 2002 expositora: AS Tereza Cristina Silva

O "15 de maio - dia do assistente social" é motivo de orgulho e consagração na categoria, bem como de reafirmação dos pressupostos de seu projeto ético-político, caracterizado pelo compromisso e defesa intransigente dos direitos sociais, em particular, dos trabalhadores, e pela denúncia e indignação sobre o estado de barbárie e de desigualdade social que caracteriza o capitalismo no Brasil.

No momento atual, a reflexão sobre esta data reveste-se de importância significativa, visto que o aprofundamento da crise econômico-social produzida pelo atual governo neoliberal, intensifica o caráter contraditório da profissão de, por um atender uma demanda cada vez maior e mais agravada e, por outro lado, atuar sob condições mais precárias, de esvaziamento de políticas públicas e de parcos recursos institucionais. O crescimento da miséria, do desemprego,da violência urbana..os quais resultam também em degeneração de valores, na perda de referências e no afrouxamento de laços familiares, configuram-se num quadro apresentado cotidianamente aos assistentes sociais.,os quais buscam aportes técnico-científicos para a compreensão desta realidade e para a elaboração de respostas profissionais.

No setor de saúde, as mudanças no plano jurídico-normativo configuradas no SUS, não deram conta de alterar a perversa realidade que envolve as camadas populares. Se, por um lado, tivemos avanços relevantes, sobretudo com a ampliação da atenção básica e com algum investimento em programas de promoção à saúde, tais como os programas de saúde da família e os agentes comunitários por outro lado os avanços não se articularam, com ações de saúde que envolvem a rede de maior complexidade.

São comuns no nosso cotidiano de trabalho às solicitações para exames (tomografias, ultra-sonografias, ressonâncias magnéticas...), medicamentos e internações. A população é submetida ao percurso por várias unidades de saúde, manifestando-se de forma subalternizada, contrariando o fundamento principal do SUS que define a saúde como um direito universal e de dever do Estado. Por outro lado, o quadro sanitário de crescimento da demanda por saúde; o ressurgimento de algumas epidemias e endemias (cólera, febre amarela, tuberculose, dengue, hanseníase...) e persistência de outras (AIDS); as filas nos hospitais; a morte por doenças de fácil prevenção (diarréia, esquistossomose, chagas, hipertensão...) 1, apesar das três trocas de comando do Ministério da Saúde pelo presidente FHC; demonstram que o desenvolvimento da atual política de saúde está longe de atingir às necessidades da população relativas ao setor.

Assim, a degradação das condições de vida e de saúde da maioria da população, resultantes da intensificação da crise econômico-social e a precarização da política de saúde, tem reflexo no interior das instituições de saúde, sobretudo numa unidade de emergência como o Hospital Estadual Getúlio Vargas, situado numa região marcada pelos altos índices de violência e de condições precárias de vida.

Em um levantamento breve realizado entre a equipe de assistentes sociais do HEGV 2, percebe-se uma demanda social variada que chega até estes profissionais, destacando-se: desemprego ou emprego precário desprovido de direitos elementares (trabalho informal); fome (desnutrição e subnutrição); abandono do idoso.pela família e pelo Estado; violência doméstica contra à mulher e contra à criança e ao adolescente; alcoolismo; abuso de drogas; perda de vínculos familiares e sociais com várias repercussões, particularmente, o suicídio; desinformação acerca de direitos e banalização da exclusão ("subalternidade consentida"); desinformação sobre formas de prevenção e tratamento da saúde; moradias precárias, sem saneamento básico e sem instalações elétricas (ou clandestinas) e hidráulicas; dificuldade de acesso aos serviços de saúde, gerando situações de emergência pela falta de tratamento da doença; restrição de instituições de amparo ao idoso, .ao deficiente físico, às populações de rua.

Ao assistente social, caberá como papel principal o de operacionalizar mediações (entrevistas, grupos, visitas domiciliares, pesquisas, escuta, acolhimento, encaminhamentos, contatos institucionais, articulações com entidades populares) as quais contribuam para a efetivação da condição de cidadania dos usuários, facilitando o acesso e informação da população sobre seus direitos, não só no sentido de realizar os devidos encaminhamentos aos recursos institucionais disponíveis, mas também de refletir junto aos pacientes e seus familiares sobre as formas de.promoção, proteção e recuperação da saúde em diferentes níveis.

Assim entende-se que os assistentes sociais possuem um papel relevante no sentido de contribuir para a concretização do conceito-ampliado de saúde, o qual considera como elementos determinantes do processo saúde-doença as condições de alimentação, renda, moradia, transporte, lazer... ou seja, a compreensão da .saúde não limitada aos aspectos biológicos da doença, mas considerando-se , também os aspectos sociais, culturais, psicológicos...

Entretanto, a efetivação de tal papel realiza-se de forma conflituosa no processo de trabalho em saúde, seja devido a limitação de.uma consciência sanitária.e da .concepção ampliada de saúde no interior da equipe interprofissional, consubstanciada na desorganização do seu processo de trabalho (despadronização do sistema de informação; desarticulação entre os setores; falta de reuniões técnicas entre a equipe interprofissional; escalas de trabalho desintegradas entre os segmentos profissionais; -ausência de projetos comuns); seja devidos aos fatores macro-sociais (restrição de recursos institucionais; crescimento da demanda social; clientelismo; lógica de -produtividade no sistema...),.os quais desrespeitam os princípios do SUS (universalidade, integralidade, democracia...) e o modelo assistencial dele decorrente.

A limitação na consciência sanitária na cultura institucional provoca, freqüentemente, uma contradição entre o que o assistente social considera como demanda social e o que se coloca enquanto demanda institucional. O desvirtuamento das atribuições do assistente social, as quais constam no seu estatuto profissional, aparece a partir de requisições burocráticas e desqualificadas, por parte de outros segmentos profissionais, tais como: preenchimento de guia de ambulância; preenchimento de cabeçalho de laudo médico; informações a respeito de formulários da competência médica; comunicados de alta para pacientes que não estão sendo acompanhados pelo Serviço Social; autorização para visitas em situações que não necessitam de parecer social; convocação de familiar para contato médico em situações que não envolvem a atuação do assistente social; busca de vaga para transferência, envolvendo apenas aspectos do tratamento do paciente...

O confronto, na busca da legitimação profissional, acentua fragmentação interprofissional, prejudicando a construção do sentido da interdisciplinaridade, e, conseqüentemente, limitando a compreensão da demanda sobre qual os profissionais atuam, considerando-se que a realidade é multifacetada e; para ser melhor compreendida, exige o olhar diferenciado dos diversos segmentos profissionais.

A limitação na .consciência sanitária reflete uma assistência centrada na.especialidade médica, na qual os demais profissionais são tidos como subordinados à prática médica, Tal ênfase, resulta também na onipotência médica.perante os usuários e na concepção meramente técnica da assistência, em detrimento dos valores éticos, humanos e do respeito aos direitos legítimos dos usuários.

O questionamento sobre o papel do assistente social, constatado na cultura institucional a partir das cotidianas indagações (“o.que faz então o Serviço Social?”), poderia receber como resposta:

O Serviço Social busca atuar, com aportes profissionais, sobre as demandas sociais colocadas pelos usuários, estas resultantes das contradições a que os mesmos estão submetidos em sua realidade social no contexto de uma sociedade capitalista.

Assim, a apreensão da dinâmica desta realidade não poderia se efetivar em um tipo de ação profissional indefinida ou definida apenas por uma opção político-ideológica sob o risco de oscilar entre uma atuação fatalista ou voluntarista. A elaboração de respostas profissionais por parte do Serviço Social no atendimento às demandas sociais que se apresentam, guardado o seu caráter plural, parte da compreensão científica da realidade, utilizando-se da produção teórica realizada pelas disciplinas com tal característica (Economia, Sociologia, História, Antropologia...).

Assim, compreender o papel do assistente social é compreender que o Serviço Social é uma necessidade da sociedade e é por ela determinado, conforme o contexto histórico considerado.

Notas:

1- Segundo Carlyle Guerra de Macedo, integrante do Conselho Nacional de Saúde em 1998 e ex-diretor geral do escritório da OPAS no Brasil, 400 mil pessoas morrem por ano de tais doenças, as quais poderiam ser contornadas com programas preventivos de baixo custo e fácil implementação. Fonte: Jornal do Brasil, 05..04.98.

2 Responderam ao questionário 10 assistentes sociais.

Colaboração:

assistentes sociais Denise (coordenadora do Serviço Social); Laureci {Cirurgia- Vascular. Ginecologia, Urologia e Buco-(maxilo); Janir (Clínica Médica e Cardiologia masculina); Valéria (Ortopedia e Cirurgia Plástica); Érika (Emergência); Sandra (Emergência); Fernanda (Emergência); Kelly (Emergência); Cleusmar (Saúde. do. ldoso) e Adriana (Saúde do Idoso).

Rio de Janeiro, 15 de maio de 2002.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Enquanto houver sol...


Quando não houver saída
Quando não houver mais solução
Ainda há de haver saída
Nenhuma idéia vale uma vida

Quando não houver esperança
Quando não restar nem ilusão
Ainda há de haver esperança
Em cada um de nós, algo de uma criança

Enquanto houver , enquanto houver Sol
Ainda haverá
Enquanto houver, enquanto houver Sol

Quando não houver caminho
Mesmo sem amor, sem direção
A sós ninguém está sozinho
É caminhando que se faz o caminho

Quando não houver desejo
Quando não restar nem mesmo dor
Ainda há de haver desejo
Em cada um de nós, aonde deus colocou

Enquanto houver, enquanto houver Sol
Ainda haverá
Enquanto houver , enquanto houver Sol

GALERIA DE FOTOS:

"Nada que VIVE, vive só ou pra si..."

"Dia do assistente social" - maio de 2008

"Envelhecimento humano e cidadania da pessoa idosa"