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Considerando-se a grande diversidade e dinamicidade das expressões da questão social, a troca de vivências profissionais tem relevante papel no intuito de qualificação da assistência prestada e na construção do projeto ético-político sintonizado com os anseios de igualdade e de justiça social.

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Tereza Cristina





segunda-feira, 30 de junho de 2008

Grupo de pacientes pós-alta


O Grupo de pacientes pós-alta é uma iniciativa da equipe multiprofissional do HGB, coordenada pelas psicólogas Teresa Silveira e Cláudia De Paulo e pela assistente social Tereza Silva, no intuito de oferecer suporte aos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca nos últimos seis meses, visando refletir sobre o estilo de vida saudável e diminuir os riscos da reinternação hospitalar.

Justificativa.

Toda forma de existência implica o estabelecimento de relações entre o organismo e o meio, assim como a convivência com algumas normas, limites e restrições. Assim, minhocas não atacam leões, girafas não voam, homens não respiram na água... As condições do indivíduo e do meio estabelecem limites e possibilidades. No caso do indivíduo humano, o mais complexo de todos, a interação com o meio influencia e sofre influência das condições biopsicossociais em questão.

De acordo com Canguilhem (1995), a ocorrência do adoecimento confere o surgimento de uma espécie de norma biológica, a partir da qual vigorará uma nova concepção de vida para que esta seja mantida. Faz-se necessário um redesenho do modo de viver, integrando as novas limitações impostas. As ações de saúde incidem sobre este campo biopsicossocial.

É sabido que as doenças cardiovasculares se constituem a maior causa de morte no Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde de 2004. Ou seja, tratam-se de problemas graves, cujos cuidados envolvem altos custos – financeiros, emocionais, sociais. Além disso, segundo o imaginário popular, o coração é o centro da vida e a sede das mais intensas emoções, sejam elas agradáveis ou não. Por estes motivos, os casos de infarto, angina pectoris, aneurisma de aorta e trocas valvares mobilizam vastas energias mentais e emocionais de pacientes, familiares e das equipes de saúde, na busca do equilíbrio do organismo transformado pela doença.

As experiências de risco de morte, inerentes aos procedimentos cirúrgicos de Cardiologia, são impregnadas por intensas cargas emocionais. Elas provocam angústia e ansiedade, as quais desencadeiam mecanismos psicológicos de defesa. Ainda que sirvam para proteger o sujeito do sofrimento psíquico, estas defesas podem, eventualmente, comprometer a manutenção do equilíbrio obtido pelo tratamento.

O trabalho multidisciplinar com os pacientes internados no Serviço do Coração do HGB visa preservar o indivíduo, aumentando sua sobrevida e qualidade de vida após o adoecimento cardiovascular. Para tal, não bastam os tratamentos clínicos, hemodinâmicos e cirúrgicos, sendo importantíssimo que sejam efetivadas mudanças em seu estilo de vida com o fim de evitar os fatores de risco, sendo os principais: hipertensão arterial sistêmica, altas taxas de colesterol e triglicerídeos, tabagismo, obesidade e fatores psicossociais (estresse emocional, dificuldade em adquirir a medicação, suporte familiar insuficiente ou inexistente, deficiente relação de confiança com os profissionais e instituição de saúde,etc.). Tais fatores podem levar ao agravamento e/ou novas internações, chegando às vezes ao óbito.

Em vista do acima exposto, o presente projeto busca ampliar a atenção ao paciente pós-cirúrgico, através da realização de um grupo de reflexão multidisciplinar, onde serão discutidas e trabalhadas as questões suscitadas pela sua nova condição biopsicossocial.
Objetivos.

Geral :
  • Favorecer um espaço de interação entre os usuários submetidos à cirurgia cardíaca no HGB, pós-alta hospitalar, bem como de suporte profissional no sentido de contribuir para a melhor qualidade de vida dos mesmos.

Específicos:
  • Acompanhar e propiciar suporte multiprofissional aos pacientes submetidos a cirurgia cardíaca;
  • Favorecer a reflexão dos usuários sobre o seu estilo de vida associado aos fatores de risco das doenças cardiovasculares, no sentido da busca de sua autonomia sobre a proteção e recuperação de sua saúde, bem como da construção de identidade e cidadania.
  • Fortalecer a rede social do paciente;
  • Diagnosticar e intervir sobre os fatores envolvidos na reinternação hospitalar;
  • Detectar precocemente os múltiplos fatores que podem propiciar o agravamento do quadro;

Operacionalização do grupo.

Constituição do grupo:

Os usuários são inseridos no grupo voluntariamente, sendo a inserção de forma contínua. Entretanto, cada usuário permanece no grupo por, no máximo, seis meses, podendo ser referenciado para uma unidade básica ou outros programas de saúde.

Dinâmica do grupo:

Os encontros do grupo são realizados mensalmente, durante duas horas, utilizando--se dinâmicas de grupo; recursos audiovisuais; exposição dialogada, ou seja, métodos que favorecam a informação, a reflexão e a compreensão das questões relativas ao processo saúde-doença por parte dos pacientes.

Temas abordados:

  • Como se adoece do coração? Fatores hereditários. Estilo de vida. Fatores emocionais e sociais. Fatores que cada um identifica como determinantes de seu adoecimento;
  • Como cada um descobriu a doença? A cirurgia. Experiências e impactos na vida pessoal e familiar;
  • A vida após a cirurgia. Relatos; Relação vida e morte;
  • Limites e possibilidades trazidos com a cirurgia. Reorganização da vida pessoal, familiar e profissional. Posso trabalhar? Posso me aborrecer? Sexualidade. Papéis familiares...;
  • Direitos previdenciários e sociais do cardiopata;
  • Reabilitação;
  • Alternativas terapêuticas e cirúrgicas: CRM, troca valvar, implante de marcapasso, angioplastia;
  • O que se pretende com a cirurgia? Recomendações médicas para o pós-cirúrgico. Adquirindo novos hábitos.

Avaliação dos resultados.

A avaliação será realizada a partir de determinados parâmetros:

  • Análise da sistematização dos dados dos questionários aplicados ao usuário após seis meses, quando será observado possíveis mudanças nos indicadores;
  • Comparação entre o número de reinternações hospitalares ocorridas no período de realização do grupo e nos períodos anteriores;
  • Impressões subjetivas apontadas pelos usuários;
  • Análise dos objetivos propostos no projeto inicial.

Atualmente, a equipe interprofissional está na fase de avaliação da primeira experiência do grupo, para posterior redefinição do projeto.

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GALERIA DE FOTOS:

"Nada que VIVE, vive só ou pra si..."

"Dia do assistente social" - maio de 2008

"Envelhecimento humano e cidadania da pessoa idosa"